A polarização digital em Portugal.

A tecnologia, e especialmente as redes sociais, têm contribuído para a crescente polarização em Portugal, afetando o espaço público e o diálogo democrático. forma crítica e reflexiva, os desafios atuais impostos pela polarização nos media e redes sociais, e como estes podem ser mitigados através de uma ação colaborativa entre cidadãos, empresas e plataformas digitais.

1. Contextualização da Polarização

• Conexão versus Fragmentação : Apesar da tecnologia conectar pessoas, os meios digitais têm vindo a criar "bolhas epistémicas" onde os utilizadores se expõem apenas a opiniões semelhantes.

• Declínio da Confiança : Em 2024, 58% dos portugueses afirmaram confiar nas notícias em geral e 62% nas notícias que consomem, indicando uma erosão gradual na confiança para com os media.

2. Redes Sociais como Fonte de Informação e Amplificadoras de Polarização

• Principal Fonte de Notícias : Cerca de 63% dos portugueses utilizam redes sociais – como Facebook, Instagram e, cada vez mais, TikTok – para se informarem.

• Conteúdos Sensacionalistas : Os algoritmos destas plataformas promovem conteúdos que geram maior envolvimento, frequentemente com narrativas polarizadoras e carregadas de emoção, reforçando visões extremas.

• Jovens e o Consumo de Vídeos Curtos : Entre os 18 e 24 anos, 58% preferem consumir notícias em formato de vídeos curtos, o que pode simplificar e intensificar o debate.

3. Impacto dos Meios de Comunicação Tradicionais

• Desafios Económicos e Clickbait* : Embora os media tradicionais ainda desfrutem de elevados índices de confiança, enfrentam dificuldades económicas e estruturais que os levam a privilegiar conteúdos mais radicais para atrair audiências.

• Modelo de Negócio Vulnerável : Apenas 11% dos consumidores de notícias pagam por conteúdos digitais, o que incentiva a dependência de receitas publicitárias e estratégias de clickbait.

4. Exemplos de Desinformação e os Seus Efeitos

• Fake News em Temas Sensíveis : A página destaca casos concretos de notícias falsas – desde teorias conspiratórias ligadas à imigração e eleições até questões sobre o acesso ao SNS – que alimentam narrativas polarizadoras e aprofundam a fragmentação social.

5. O Papel das Empresas e Organizações

• Responsabilidade Social : As empresas têm um papel crucial na promoção de um ambiente de diálogo e empatia, para além da mera geração de lucro.

• Iniciativas Positivas : Exemplos como a campanha “Empresas com Propósito” e as ações de empresas como a EDP e a Sonae demonstram que é possível adotar práticas que reduzam a polarização e promovam a inclusão.

6. Um Apelo à Mudança

• Intervenção Multidimensional : A solução passa por:

  • Alfabetização mediática : Educar os cidadãos para um consumo crítico da informação.

  • Moderação das plataformas digitais : Combater eficazmente a desinformação e promover a diversidade de opiniões.

  • Liderança das empresas : Desenvolver campanhas de comunicação que incentivem o diálogo construtivo e a empatia.

• Reforço dos Valores Democráticos : A reconstrução de um espaço público saudável depende de esforços conjuntos que promovam a escuta ativa, a inclusão e a manutenção do diálogo democrático tradicional em Portugal.

  ** Estratégias de Clickbait referem-se a táticas utilizadas para atrair a atenção dos usuários e incentivá-los a clicar em conteúdos online. Geralmente, essas estratégias envolvem:

  • Títulos Sensacionalistas: Utilização de manchetes impactantes, que muitas vezes exageram ou distorcem a informação, para despertar curiosidade.

  • Imagens Provocantes: Escolha de imagens chamativas ou emotivas que complementam o título e incentivam o clique.

  • Promessas Incompletas: Apresentação de informações parciais ou vagas, que deixam o leitor com a sensação de que precisa clicar para obter o restante da informação.

  • Foco na Emoção: Exploração de sentimentos como surpresa, indignação ou curiosidade, para aumentar a taxa de cliques.

  Embora o Clickbait possa aumentar o tráfego e as visualizações de um site, ele muitas vezes resulta em uma experiência insatisfatória para o usuário, pois o conteúdo pode não corresponder à expectativa criada pelo título e pela imagem.